Lavrar a terra, lavrar amizades
Chegou à Quinta do Arneiro no início da tarde,
vinda da A8.
Um céu azulão, sem
nuvens dava-lhe as boas-vindas e sabia mesmo bem depois de dias nublados com
alguma chuva sentir o sol morno de Inverno no rosto. Aquecia a alma. Respirou
bem fundo, enquanto fechava a porta do carro. Começou à procura dos óculos
escuros na sua mala, que bem pode pesar uns 10 kg, mas que está cheia de todos
os bens "essenciais" indispensáveis ao seu dia-a-dia.
Que boa ideia a
Teresa ter combinado um lanche longe da cidade! A menos de uma hora de carro, a
40km de Lisboa, um local novo para conhecer e a promessa de uma tarde bem
passada. Não poderia desejar melhor programa para o domingo. Quando a Teresa
lhe ligou a combinar uns dias antes nem hesitou. Hoje são só as duas neste
programa.
Teresa chegou pouco
depois e juntas começaram a explorar a Quinta. Um largo muito amplo e arranjado
com uma árvore enorme em destaque e um espaço protegido do sol com mesas banquinhos
e sofás complementam a decoração rústica acolhendo os que chegam. As tabuletas pintadas
à mão com indicações "Horta", "Pomar", "Restaurante" orientam as visitas. Alguns
casais e famílias terminavam os seus almoços tardios de domingo conversando
animadamente cá fora.
Luísa Almeida, alma
e coração do projeto, veio ter com elas com um grande sorriso. Estava disposta
a fazer uma visita guiada, quando quisessem, mas antes do sol ir embora, para
conhecerem as produções e um pouco da história do espaço que passou para as
mãos do seu pai em 1967 e explicar o porquê da agricultura biológica ser a
maneira certa de fazer agricultura, sempre com um brilhozinho nos olhos.
Optaram por caminhar
um pouco sem rumo, à descoberta, e, depois,
como a fome já apertava, decidiram entrar no restaurante para lanchar. A visita
ficou alinhavada, mas com o grupo de amigas completo e almoço nas calmas
incluído. Era só vir a Primavera!
O restaurante tem
uma decoração muito cuidada em tons de branco e verde água e todas as mesas têm
pequenas jarras com flores silvestres. No centro, uma mesa com vasos de
plantas e cabazes de legumes e verduras da
época complementam a decoração com um enorme colorido. A cozinha aberta, com os
seus azulejos verde esmeralda, atraem logo todos os olhares e de lá vêm as
iguarias biológicas que a terra dá, respeitando os seus ciclos, daí o lema da
Quinta "biológico com Amor".
Um segundo piso com mesas é também local de
workshops e alguns eventos de empresas.
Escolheram uma mesa
longe da porta, já fazia algum frio.
-Mariana –
interrompeu Teresa – queria falar contigo. Sinto que te devo um pedido de
desculpas.
-A mim? – disse
Mariana surpreendida, mas não tirando os olhos do telemóvel, querendo registar
tudo em imagens, tirando fotos umas atrás das outras. – Este espaço está mesmo
giro!
-Sim, depois do
jantar no Miss Jappa, o nosso último jantar, mal falámos e eu não acho que
tenha sido correta contigo, primeiro pregando-te um valente susto, depois
dizendo para mudares o disco, para não pensares mais naquele que sabemos...
-Oh Teresa pára já
por aí. Faz algum sentido pedires desculpas? Tiveste tu muita razão. Entre nós
não há cá dessas coisas... Não é fácil em muitas coisas o dia-a-dia, mas agora
avancei. Sabes Teresa, todos estes acontecimentos fizeram-me crescer imenso.
Teresa debruçou-se como se a quisesse ouvir mais de perto, para melhor absorver
as palavras.
A conversa foi
interrompida. O lanche vinha aos poucos para a mesa: sumo de beterraba, chá de
menta, um crumble de maçã de-li-ci-o-so, pão fresco, húmus, pasta de beterraba,
azeite biológico e fruta fresca da época (12€).
- Fico tão contente
por te ouvir falar assim.
- Às vezes é difícil.
– continuou Mariana – Não me apetece estar com ninguém também neste momento.
Sinceramente tantos planos por água abaixo que agora nem quero pensar em temas
do coração. Agora America first!, ou
melhor, Mariana first!
Riram-se ambas!
- Mas voltando
atrás, não fui justa, acho que as minhas palavras te magoaram, não era a minha
intenção. Quero ver-te bem. Sabes disso. Sobretudo quero que saibas que contas
comigo, seja em que momento for.
Mariana quis mudar o
tema de conversa, mas antes olharam uma para outra. Este olhar acompanhado do
silêncio disse tudo. E o importante era o agora e aproveitar os momentos presentes.
O que passou passou, lá em 2016, como se fosse um ano distante no passado de
que nos lembramos vagamente de alguns episódios.
Teresa gostou de ver
esta nova amiga e as boas energias!
O lanche estava
delicioso, mas foi um bocadinho demorado. No entanto, concordaram que as
pressas não faziam parte daquela tarde!
Foram as últimas a sair,
já de noite. Antes de partirem espreitaram a mercearia e animaram-se a levar
alguma fruta e uma compota de abóbora cada uma para experimentar. Quanto aos cabazes
entregues em casa pela Quinta do Arneiro ficaram de investigar mais no website
e na página do Facebook as condições e os preços.
Só mais tarde Mariana
reparou numa chamada não atendida. Era o Luís, um amigo do irmão. Já não se
viam há algum tempo. O que poderia ele querer? No dia seguinte logo pensava se
ia devolver a chamada, isto se tivesse tempo. Melhor não. Não deveria ser nada
de importante. Deveria era ser engano!
Mariana
Reis
Quinta do Arneiro
Biológico
/ Vegetariano
Azueira
2665-004 Mafra | 917 663 556
De
segunda a sexta: 09:00 às 17:00
Mercearia
de quarta-feira a domingo das 09:00 às 18:00
Presença
em Mercados Biológicos em Lisboa e Cascais
Almoços
e lanches de quarta-feira a domingo
Aceita
reservas
Aceita
cartões
"Não há boa terra
sem bom lavrador"
Essa quinta deve ser um show!
ResponderEliminarEu ainda não conheço mas a Mariana deixou-me cheia de vontade de lá ir ;)
EliminarBeijinho
Ana